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AVE MARIA, CHEIA DE GRAÇA
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26 - Abril
25 de abril, sábado. O sábado é o dia que dedicamos especial atenção ao Imaculado Coração de Maria. Aproveito este sábado de quarentena prolongada, para fazer algumas considerações sobre a mais antiga devoção cristã dedicada à Santíssima Mãe de Jesus e, como Ele mesmo quis, nossa Mãe também. Vou falar do TERÇO MARIANO.
Talvez, você já tenha percebido que a recitação do Terço a Nossa Senhora começou com o Arcanjo Gabriel, quando ele disse: “Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo!” (Lc 1,28). Depois, sob a luz do Espírito Santo, Isabel, mãe de João Batista, nos ensinou a dizer: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre.” (Lc 1,42) Eis a primeira parte da “Ave Maria”, toda ela tirada do Evangelho de São Lucas. Vejamos a segunda parte.
Para explicar a segunda parte da “Ave-Maria”, precisamos ir ao ano 431 d.C, quando aconteceu o Concílio de Éfeso, sob o pontificado do Papa São Celestino I. Neste Concílio, foi definida a Maternidade Divina de Maria: “A Virgem Santíssima é verdadeiramente a Mãe de Deus, por ser a Mãe de Jesus Cristo, que é Deus.” Eis o dogma da Maternidade divina de Maria Santíssima. E para que os cristãos nunca esquecessem esta definição da nossa fé, a partir do Concílio de Éfeso juntou-se à saudação angélica e às palavras de Izabel a seguinte rogativa: “Santa Maria, MÃE DE DEUS, rogai por nós pecadores, agora e na hora de nossa morte”. Assim a nossa “Ave Maria” ficou completa.
O Terço Mariano tem 53 Ave-Marias e cinco Pais nossos. O “Pai nosso é a oração que Jesus mesmo nos ensinou, e você pode encontrá-la na boca do próprio Salvador em Mt 6,9-13. Observe que as duas principais orações do TERÇO MARIANO saíram dos Evangelhos. Portanto, já faz muito tempo que os cristãos rezam o principal do Terço que oferecemos carinhosamente à Nossa Senhora, Mãe de Jesus.
No TERÇO MARIANO temos também o “Creio”, chamado “Símbolo dos Apóstolos”. É chamado assim porque vem diretamente da tradição apostólica e contém resumidamente tudo o que o católico deve saber e crer. Os antigos cristãos tinham o “Creio” decorado na mente e no coração, para declarar sua Fé onde e quando fosse preciso. Santo Agostinho (354-430) ensinava que “todo cristão devia saber o Símbolo dos Apóstolos de cor”. Santo Tomás de Aquino dizia que “quem não se empenha em aprendê-lo, torna-se gravemente culpado”. Santo Ambrósio dizia que o “Símbolo Apostólico é uma couraça que nos protege contra os nossos inimigos”.
A quarta oração do Terço Mariano é a “Salve Rainha”. Esta oração surgiu em 1050, atribuída ao monge beneditino Hermano Contracto. Vivia-se um tempo de calamidades e epidemias, miséria e fome. Além da contínua ameaça dos povos nômades que invadiam aldeias, saqueando e matando. O monge Hermano Contracto teve raquitismo na tenra infância, sofria de deformidade, andava e escrevia com dificuldade. Sua piedosa mãe logo o consagrou a Nossa Senhora e o educou na sua devoção. Mesclando sofrimento e esperança, Hermano compôs a “Salve Rainha”. Prece que logo fez grande sucesso entre o povo fiel que passou a rezá-la e cantá-la. Fato notável aconteceu na Catedral de Espira, onde estava o imperador Conrado III e muita gente importante. Na ocasião, São Bernardo, o cantor da Virgem Maria, foi chamado para cantar para o imperador e convidados. São Bernardo encerrou cantando a “Salve Rainha”, ao terminar a canção se fez um silêncio reverencial em toda Catedral, que foi rompido por São Bernardo que bradou em alta voz: “Ó clemente, ó piedosa, ó doce e sempre Virgem Maria”. A partir de então, estas palavras foram incorporadas a “Salve Rainha” original.
A partir do ano 800 d.C, o Rosário já era a oração própria dos leigos, seguindo a espiritualidade dos mosteiros – era o Saltério dos leigos. Os monges rezavam os 150 Salmos e os leigos aprenderam a rezar 150 Pais nossos. Com o tempo, vieram as 150 Ave-Marias; 150 louvores em honra a Jesus Cristo e 150 louvores em honra a Virgem Maria. As 150 Ave-Marias foram divididas em 15 dezenas, com o Pai-nosso no início de cada uma delas. Em 1500, ficou estabelecida para cada dezena a meditação de um episódio da vida de Jesus ou de Maria. Assim surgiu o Rosário de quinze mistérios.
Na história recente, o Papa São João Paulo II propagou com grande amor a recitação do Santo Rosário. Conhecido como o “Papa de Maria”, São João Paulo II escreveu a Exortação Apostólica Rosarium Virginis Mariae e, através desse magnífico documento, proclamou o “Ano do Rosário”. O Papa São João Paulo II acrescentou os “Mistérios da Luz” ao Rosário.
Prezado irmão e irmã, espero que este breve histórico te ajude a recitar, neste tempo de reclusão, com devoção e carinho o TERÇO A NOSSA SENHORA, sabendo agora que ao recitá-lo, você se une a mais antiga e legítima tradição espiritual do Cristianismo. Fique com Deus, sob a proteção de Nossa Senhora Aparecida esteja em paz.
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