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CHAGAS DE JESUS
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20 - Abril
“Por suas chagas fomos curados.” (Is 53,5)
Para entender esta palavra revelada ao profeta Isaías, vou contar uma história, já conhecida, mas leia até o fim, pode ser que um detalhe, que faz toda diferença, tenha escapado à tua percepção. Este detalhe te fará entender melhor o que disse Isaías.
No primeiro dia, após a Páscoa judaica, tudo estava muito difícil para os discípulos de Jesus. Fechados em casa por medo dos homens do Tempo, eles simplesmente não sabiam o que fazer. Para piorar, Maria Madalena veio dizer-lhes que o corpo de Jesus não estava no túmulo. Pedro e João foram conferir e voltaram confirmando o que Madalena havia dito.
Cléofas e outro discípulo de Jesus resolveram ir embora de Jerusalém. Era mesmo o melhor a fazer. Além de terem perdido Jesus, a notícia do sumiço do seu corpo aumentou ainda mais o desconsolo e a confusão entre todos. E sem Jesus, não havia mais nada a fazer ou esperar em Jerusalém.
Os dois discípulos tomaram o caminho de Emaús, que ficava a 11 km de Jerusalém. A pé, a viagem demorava mais ou menos umas cinco horas. Resolveram sair bem no começo da tarde, para caminhar à luz do dia. Havia muitos peregrinos pelo caminho, voltando para casa depois de terem comemorado a Páscoa. Cléofas caminhava um pouco mais silencioso, o outro discípulo expressava com mais desenvoltura o seu desconsolo: Aquele que devia ser o libertador de Israel estava morto, não havia mais nada a esperar neste mundo.
Um peregrino aproximou-se e perguntou sobre o que estavam conversando. Eles ficaram admirados de que ele não soubesse o que tinha acontecido em Jerusalém naqueles dias. Então o colocaram a par do assunto: três homens tinham sido crucificados na véspera da Páscoa, por ordem de Pilatos. E com o rosto visivelmente abatido e voz embargada, Cléofas disse ao peregrino que um dos condenados era Jesus, profeta poderoso em palavra e obras.
Ao ouvir que um profeta tinha sido morto, o peregrino começou a considerar com os dois a possibilidade dele estar cumprindo as profecias que falavam do Messias. Profecias que diziam que o Messias sofreria muito, antes de entrar na Glória. O peregrino se mostrou alguém instruído e falava com destreza de Moisés e dos profetas. Mas nada disso trazia alento aos desconsolados discípulos. Sem Jesus, já não tinham porque acreditar nas Escrituras. Aquela conversa estava apenas servindo para ocupar o tempo até chegarem em casa.
O sol começava a se pôr e já era possível avistar a pequena Emaús, que, ao pôr do sol, ficava ainda mais bela. Ao aproximar-se da aldeia, o peregrino começou a despedir-se, pois devia seguir viagem. Os dois insistiram para que ficasse, pois era perigoso continuar na estrada. Relutante, mas agradecido, o peregrino aceitou o convite, muito comovido pelo desconsolo deles, a ponto de lhes fechar o coração para as Escrituras Sagradas.
Cléofas e o peregrino conversavam num canto da sala, enquanto o outro discípulo preparava a mesa, trazendo pão suficiente para refazer as forças de todos. Hospitaleiros, pediram ao peregrino que fizesse a oração de agradecimento. O peregrino pegou um dos pães e segurando-o próximo do peito, louvou e agradeceu a Deus. Os dois olhavam para ele, ouvindo uma prece como nunca tinham ouvido antes. O peregrino partiu o pão e estendeu as mãos para entregar a cada um o pedaço. Neste momento, exatamente neste momento, seus braços saíram debaixo da túnica e os dois viram seus punhos perfurados, exclamando: “Meu Deus!” O peregrino desapareceu diante deles. Cléofas disse: “Você viu? ERA JESUS!”
Sim, era Jesus! E foi naquelas Chagas, santas Chagas, que eles reconheceram Jesus vivo e ressuscitado, presente e sentado à sua mesa. Já era noite, não era conveniente pegar a estrada, mesmo assim os dois se levantaram e saíram. Depois do que tinham visto não havia mais inconveniência alguma, era preciso comunicar aos demais o acontecido. Como disse Isaías: por suas Chagas eles foram curados.
Fique com Deus, guardado nas santas Chagas de Jesus, esteja em paz.
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