Em fins de 1919, quando o povoado era conhecido como “Vai e Vem”, não existia nenhum local próprio para as pessoas se encontrarem para suas orações. Elas se reuniam nas casas de família para recitação do terço em louvor à Maria Santíssima. A assistência espiritual era mínima.
A igreja mais próxima, ficava em Conceição de Monte Alegre (hoje, distrito de Paraguaçu Paulista), que além da distância, não havia meios de transporte. Os católicos sempre aspiravam poder um dia assistir a santa missa, a fim de lhes confortar a alma e amenizar os dias rudes vividos naquele sertão.
Os trilhos da Estrada de Ferro já haviam atingido nossa aldeia, tendo como seu engenheiro de construção, Dr. João Carlos Fairbanks, católico fervoroso.
Em Assis (SP), ficou conhecendo o padre de Conceição de Monte Alegre, reverendo Nicephoro Corrêa de Moraes, e fez um convite para que viesse celebrar missa e batizar.
A primeira missa foi marcada e celebrada no dia 25 de março de 1920, dia em que se comemora a festa da Anunciação de Nossa Senhora.
Chegado o dia, o pequeno lugarejo de apenas 16 casas, estava em festa. Todos dirigiram-se para a explanada da estação ferroviária, que na época ficava do lado oposto a estação atual, onde seria celebrada a 1ª. Missa. O altar improvisado foi preparado utilizando-se uma pilha de dormentes, como campainha para anunciar os atos da missa, foi usado um cincerro tirado de urna mula que era "madrinha" de urna tropa, e como sino um pedaço de trilho que era tangido por um vergalhão. Aquela missa campal, preparada com um ambiente rústico, porém acolhedor, foi ressaltado pelo padre celebrante que ao pregar o Evangelho disse parecer estar numa atmosfera de presépio.
O acólito (coroinha) da cerimônia foi o Dr. João Carlos Fairbanks, tendo pedido que durante a consagração as locomotivas do serviço de trem de lastro, de número 109 e 111 respectivamente, que estavam estacionadas no pátio, apitassem longamente na consagração do pão e do vinho. Realmente a 1ª. Missa foi um belíssimo espetáculo de fé.
Para materializar aquele evento e ficar documentada a missa, o Dr. Fairbanks preparou uma Ata daquela celebração. A referida Ata, que se encontra em exposição no Museu de Santo Anastácio, narra o seguinte:
"Acta da Primeira Missa deste Districto Policial de Santo Anastácio. As 10 horas e 55 minutos do dia 25 de março de 1920, nesta localidade de Santo Anastácio o virtuoso e preclaro vigário de Conceição de Monte Alegre, Revmo. Padre Nicephoro Corrêa de Moraes, subio ao altar, improvisado no largo onde se erguerá a futura Matriz e deo início a missa campal que foi a primeira rezada neste Districto e povoado de Santo Anastácio, popularmente também conhecido como "Vae Vem". As 11 horas e 16 minutos, publicamente foi erguida a santíssima hóstia, quando ao ar subiram inúmeros foguetes. Enorme foi o contentamento popular por esse acto de religião, que foi da iniciativa do engenheiro João Carlos Fairbanks, residente no distrito e que também ajudou a celebração do acto. Ao Evangelho, o digno párocho Sr. Reverendo padre Nicephoro Corrêa de Moraes, visivelmente emocionado, pronunciou magnífico sermão, alusivo à Anunciação da Virgem, sermão este que grandemente comoveo o público. Em seguida, na casa do citado engenheiro, em altar armado, o Revmo. vigário celebrou os primeiros baptizados e o casamento de Philomeno Borijuca com D. Olympia dos Santos Fernandes - o primeiro aqui realizado.
E para constar, foi lavrada esta acta, pelo Revmo. Vigário e demais pessoas assinadas. Santo Anastácio, 25 de março de 1920. (a) Padre Nicephoro Correia de Morais, João Carlos Fairbanks, Maria da Graça Lopes Fairbanks, José Martinez, João M. de Oliveira, Silvio Ceccato, Antonio Baptista da Costa, José Nogueira Sobrinho, Manoel Ferreira dos Anjos, Antonio 1. Peçanha e Maria da Glória Baptista."
Em seguida, sentindo os moradores a necessidade de um lugar comum, onde reunidos, pudessem se encontrar foram construídas duas capelinhas de madeira; uma na atual Praça Ataliba Leonel e a outra na atual Praça da Matriz, onde, hoje estão os sanitários.
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